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Uvas garnacha/grenache, a casta do Mediterrâneo

  • Foto do escritor: Redator
    Redator
  • 5 de nov. de 2024
  • 5 min de leitura

Atualizado: 16 de dez. de 2024

A uva garnacha (ou grenache, como é conhecida na França) está entre as 10 mais cultivadas do mundo e seus vinhos, sejam varietais ou blends, são cheios de aroma e sabores.


A história das uvas grenache ou garnacha começa há muitos séculos, em Aragão, região do norte da Espanha que faz fronteira com a França.

Não se sabe ao certo quando surgiu, porém, é provável que do século 12 em diante tenha sido levada por produtores para locais próximos, como Sicília, Croácia, Grécia e as ilhas de Córsega e Sardenha.


A primeira menção ao fruto apareceu em 1513, pelo agrônomo espanhol Gabriel Alonso de Herrera, quando a uva ainda era chamada de aragones. Nos anos seguintes, passou a ser denominada de canonat, na Itália, e roussillon, na França.


O nome “garnacha” provavelmente tenha surgido na Itália por sua similaridade com outra uva da região, a vernaccia di oristano. Apesar disso, ambas não possuem nenhuma correlação. Na França, em decorrência do sotaque, é conhecida como uva grenache.

Posteriormente, nas regiões à beira do Mar Mediterrâneo, encontrou sua melhor forma e ganhou popularidade. Até hoje, é abundante nos estados do norte e nordeste da Espanha, como Rioja, Navarra, Campo de Borja e Catalunha, e na França, em Rhône e Languedoc-Roussillon.


Vinícola na Catalunha, à beira do Mar Mediterrâneo.


Durante o século 19, foi levada ao Novo Mundo e acabou ganhando notoriedade nos Estados Unidos e na Austrália. Até hoje, ambos têm uma boa produção de garnacha e é possível degustar bons rótulos originados nesses países.


Dia da Uva Garnacha

Essa uva é tão especial que tem até um período especial para celebrá-la. O Grenache Day, Dia Internacional da Grenache, ocorre toda terceira sexta-feira de setembro. A comemoração existe desde 2010 e foi instituída durante o evento Grenache Symposium, no Vale do Rhône.

Uma forma de encorajar os amantes de vinhos a descobrirem a uva e proteger as videiras dessa casta histórica!


Uva garnacha: características

Quem vê a uva garnacha/grenache por fora, não imagina toda a sua originalidade. Possui cachos grandes de coloração rubi de baixa intensidade, se comparada com outras variações tintas.


Por conter raízes longas e profundas, tem a capacidade de extrair do solo o máximo de água possível. Essa característica natural faz com que as vinhas da garnacha consigam resistir a períodos mais longos sem chuva.


Se adapta bem a diferentes regimes pluviométricos e solos, ainda que se desenvolva melhor nos pedregosos.


O crescimento vertical e o caule forte também as inibem de serem prejudicadas pelos ventos comuns nos vales onde são plantadas, e pelo clima árido de locais como a Califórnia e o sul da Austrália.


Portanto, condições mais secas e uma boa iminência de sol são necessárias para uma colheita propícia à vinificação (normalmente, elas amadurecem após a cabernet sauvignon). Ao passo que a pele é fina, os bagos têm estrutura média, e o amadurecimento tende a ocorrer no final da estação de crescimento.

Contudo, estão suscetíveis a doenças e pragas comuns aos vinhedos, como acariose e oídio, já que os cachos ficam bem apertados na videira.


Variedades da uva


É possível encontrar uma série de videiras da uva garnacha que passaram por mutação de cor. A garnacha noir ou garnacha “vermelha” é uma das mais populares, enquanto que a garnacha blanc é uma variedade importante na França.


Já no sul da França e na Sardenha, as mutações grenache rosé e grenache gris também são encontradas e resultam em rosés pálidos e brancos levemente tingidos.


A hairy grenache, ou garnacha peluda, como é chamada na Espanha, evoluiu para desenvolver uma penugem na parte inferior das folhas a fim de se proteger da transpiração em climas quentes, como acontece com o alecrim.


Em 1961, o cruzamento entre a garnacha e a cabernet sauvignon resultou na uva francesa marselan.



Vinificação da garnacha


Quando vinificada, dá origem a vinhos de cor violeta-brilhante, de corpo médio e translúcidos, similares aos carménère. São bebidas com taninos pouco presentes, porém com acidez variando entre média para alta.


Uma característica muito associada a essa uva é o alto teor alcoólico, já que são produzidas comumente em locais quentes.

Os rótulos costumam ter por volta de 14,5%, porém esses níveis podem ultrapassar os 15% ABV — álcool por volume.


Quando falamos em aromas, a uva traz traços de frutas vermelhas e negras, como morango e ameixa, porém em estágios mais maduros, ou até geleia de fruta preta, como amora e mirtilo. Também é muito comum encontrar notas de ervas, tanto frescas quanto secas, como manjericão e erva-doce.


Quando passam por barricas, os vinhos grenache/garnacha podem ganhar aromas terciários de couro, cacau e baunilha.


Por ter um alto nível de açúcar, ela também é extensivamente utilizada em vinhos fortificados, como os Vins doux Naturels tintos da região de Roussillon, na França, além de outros rótulos australianos.


Vinho garnacha: harmonização


Como já falamos, essa uva é muito misturada a outras para produzir vinhos com características específicas e, nesse caso, a harmonização pode depender do blend. Porém, quando tomamos um rótulo varietal, há algumas dicas importantes para escolher o prato que servirá de acompanhamento.


A harmonização entre garnacha/grenache e pratos bem condimentados, como os da culinária indiana ou ensopados e braseados, é muito comum, sejam eles à base de carne ou vegetais. Além da carne vermelha, pois a casta possui taninos bem representados, balanceando as proteínas do alimento.


Carnes grelhadas também caem muito bem, sejam bovinas, linguiças ou de animais de caça. Cortes de cordeiro e coelho assados são harmonizações típicas.


Até mesmo pratos à base de peixes e frutos-do-mar podem funcionar bem. O segredo é carregar bem nos molhos e nos temperos e escolher um garnacha/grenache sem passagem por barrica.


Outra opção são as carnes curadas de charcutaria, como salame, pastrami, jamón e copa. Para a sua degustação, a dica é preparar uma tábua de frios bem composta e servir juntamente com o vinho.


E por falar em frios, não podemos deixar de citar os queijos. Variações amareladas de pasta semi-dura, como edam, cheddar e gouda, são ótimas escolhas.


Temperos, como pimenta, curry e páprica, são perfeitos para os vinhos feitos com a uva, pois o álcool faz contraponto no paladar à capsaicina, elemento químico responsável pela sensação de ardência. Ervas frescas também costumam funcionar muito bem.

Carnes

Carnes grelhadas; carnes de caça; charcutaria; ensopados.

Pratos

Culinária indiana.

Queijos

Edam, cheddar e gouda

Temperos

Pimenta, curry e páprica.

Blend ou varietal?

Os vinhos varietais da uva garnacha, muitas vezes, são considerados selvagens, com forte personalidade. Apesar de não ter um corpo tão intenso, a casta pode gerar bebidas com alto teor alcoólico e complexidade aromática. Por isso, passou a ser utilizada em blends (ou assemblage) como forma de aliar essas características a fatores presentes em outras uvas.


Muitas dessas combinações são notórias. Na França, por exemplo, a garnacha é um dos principais ingredientes do Châteauneuf-du-Pape, uma das denominações de origem mais conhecidas da França. Além dela, são utilizadas outras cepas, como syrah, mourvèdre e cinsault.


Também é encontrada (juntamente com syrah e mourvèdre) no blend GSM (grenache, syrah e mourvèdre), um dos clássicos da região de Côtes du Rhône. Na Espanha, a garnacha é misturada principalmente com a cariñena, outra uva da região de Aragão.


Seja chamando de uva garnacha ou grenache, o fato é que trata-se de uma variação com muita personalidade, capaz de dar origem a vinhos aromáticos, equilibrados e, acima de tudo, de alto teor alcoólico.


E se você quer aprender mais sobre vinhos e sobre tudo o que envolve essa bebida imortal siga-nos nas redes sociais e fique por dentro de muito mais dicas e informações! Fonte: Divino

 
 
 

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